A atividade acontece ao longo de todo o ano letivo. No segundo bimestre, foram elaborados textos dramáticos tendo como base autores regionais, nacionais e estrangeiros, e cenas com pequenos grupos também foram montadas. No terceiro, foram feita cenas com textos literários e temas relacionados aos respectivos cursos das turmas. Já no quarto bimestre, alguns critérios foram estabelecidos pelo coordenador e a avaliação consiste em fazer a apresentação teatral utilizando os conhecimentos adquiridos durante o ano, especialmente no que se refere aos elementos da linguagem teatral.
Segundo Aldair Rodrigues, a atividade é importante devido às variadas formas de conhecimento trabalhadas. “Desenvolve, entre outras competências, a socialização, a criatividade, o trabalho em equipe, a expressão corporal e vocal, a sensibilização do olhar, o poder de síntese, o estabelecimento das ideias, criticidade e alteridade, além de desafiar suas potencialidades e fragilidades.”, comenta.
A peça conta com um processo de criação no qual os alunos fazem um roteiro, elaboram os diálogos e criam os personagens. Isso se dá por meio da escolha e estudo de alguma obra literária. A partir disso, os estudantes farão a apresentação, com a possibilidade de ser uma reinterpretação ou uma adaptação – até mesmo para os dias atuais – ou, de fazer uma interseção com outros autores e outros tempos literários.
O professor de Língua Portuguesa e participante a atividade, Welson Lima, fala sobre a atuação dos alunos nas atividades realizadas. “Num trabalho como esse, o professor se afasta um pouco do seu protagonismo e repassa esse protagonismo para os alunos. O aluno passa a ser sujeito. Passa a interseccionar os saberes aprendidos em sala de aula com os saberes que já domina. Ele não só apresenta aquilo que ele aprendeu em sala de aula, mas também intersecciona com aquilo que detém enquanto sujeito. A gente tem alunos que dançam, tocam, cantam e também temos aqueles alunos mais tímidos, que vêem o desafio de estar à frente de um trabalho e conseguem superar determinadas limitações a partir do momento em que se percebem responsáveis, não só como indivíduos, mas responsáveis em relação ao outro”, comenta. “Faz com que o aluno se torne protagonista do seu aprendizado. Você pode ver a importância do trabalho porque, para chegar ao produto final, o aluno precisa estudar com mais afinco, precisa fazer estudos interdisciplinares. Não decora, aprende! Domina [o assunto] para chegar ao produto final. Ele tem de se aprofundar nos diversos saberes que estão inter-relacionados.”, explica.
As apresentações foram feitas pelos estudantes do Ensino Médio Integrado ao Curso Técnico. Os alunos do 2º ano de Aquicultura desenvolveram a atividade a partir da obra de Aluísio Azevedo, o livro O Cortiço, do qual fizeram uma releitura. Na sinopse elaborada pela turma, “João Romão era apenas um homem que, assim como todos os outros, desejava uma vida boa e cheia de dinheiro e, para que conseguisse o que queria, resolveu abrir um bar em uma favela abandonada. Com o dinheiro arrecadado, Romão levantou a favela do cortiço e deu abrigo a muitas pessoas, incluindo uma refugiada venezuelana, Bertoleza. No entanto, o rico Miranda está disposto a atrapalhar os planos de João Romão de criar uma grande favela. Intrigas, traições e toda a sujeira da raça humana expressas em uma única obra. O Cortiço é uma releitura da clássica obra de Aluísio Azevedo”, diz a descrição da peça realizada pelos alunos.